18 de dez. de 2019

CAFE LOW BPM VIRTUAL DJ SET








A história deste blog.

Esse blog começou em maio de 2010 como uma brincadeira, eu gravava sets para mim com as minhas músicas favoritas no Virtual Dj para ouvir depois em casa ou no carro. A intenção era ter os meus sets em um link único e passar para os amigos e as pessoas quando conversasse com elas sobre música.

Até evento no Facebook eu fazia na cara dura para divulgar, e ainda fazia postagem marcando todo mundo.

Era bom ser chato por uma causa justa (compartilhar música), agora no máximo mando para algumas (in)felizes pessoas que eu acho que podem realmente curtir ou se identificar.

Em 2011 a moda era falar sobre bullying e então algo bizarro aconteceu, escrevi um texto idiota falando que eu sofria bullying por não gostar de Beatles, cebola e sushi e o blog bombou.

De link em link meu texto chegou em algum site ou blogueiro ou digital influencer ou RSS conhecido e aí só dessa postagem foram quase 7 mil visualizações.

Rolou um tweet de alguém da banda de apoio da Banda Calypso ou da Cheiro de Amor (ou Asa de Águia haha, eu não lembro quem, mas teve) concordando comigo e me apoiando como se o meu texto fosse sério e algumas postagens de hipsters haters defensores de Beatles e sushi e cebola fazendo propaganda para mim involuntariamente.

Óbvio que era um texto horrível, apesar de eu lembrar dele ser divertido. 

Eu também gravava CDs e deixava no porta-luvas do carro para dar de presente e também deixava alguns em lugares pela cidade como bancos de praça, pontos de ônibus, portas de prédios, agências de correios e bancos.

Levava também nos bares e restaurantes para os garçons, gerentes e caixas e no arquivo tinha sempre um bloco de notas com o meu email, o link do blog, meu telefone e a frase: 

Se gostar, me chama pra tocar.

E não é que chamavam?
A ideia era espalhar música e assim fizemos.

Foi com um CD desses que começou a Sounds in da City na beira mar e logo depois vieram as Quartas do Montag no Blues Velvet e mais projetos e participações e convites e festas e lugares como Slow Dance Society, Porão 1007, Blues Velvet, SOM, Wild!, Fullhouse, Jivago, Barbarella, Nomuro, Mustafá, Confraria das Artes, Café dos Araçás, restaurantes, barzinhos, pousadas, puteiros, churrascos, afters, noivados, aniversários, exposições, despedidas e formaturas. 




Teve até uma gravidez nada acidental que só fui descobrir este ano, onde eu participei indiretamente digamos assim, sinal indiscutível de que meus sets são realmente bons. 






Fui literalmente o padrinho virtual do Virtual Dj. 

E claro, o Peter, que teve a audácia de fazer uma festa no Vietnam (sim, no Vietnam) tocando apenas o
meu CD. 

Segundo ele todo mundo se divertiu. 

Recebi convites para as Rádios UDESC e Itapema e aquele bar dentro do CIC, pena que não se concretizaram. 

Eu só precisava de uma mesa, um mixer e uma caixa de som de preferência com muito grave e toquei muitas vezes sentado, eu amo tocar sentado igual tiozinho de teclado de churrascaria.

Dançar é algo tão ultrapassado, legal é ficar encostado nas paredes, olhando o movimento e curtindo o som. As minhas melhores plateias inclusive também ficavam geralmente sentadas ou encostadas em bares, happy hours e restaurantes.

Meu maior prazer era olhar para essas pessoas e ver que mesmo conversando ou rindo ou beijando elas dançavam aquela maravilhosa dancinha de concordância com a cabeça e os pés. É o maior elogio para um Dj na minha opinião, ter a atenção de quem não está ali para te ouvir em um ambiente onde você não é o centro das atenções e em vez de uma cabine, um cantinho.

E se é para ver gente fritando que seja bolinho de arroz, eu trocaria fácil uma gig no Warung por um mês de bolinho de arroz de graça.

A galera sonhando com backstage da Tribaltech e eu querendo fazer turnê pela via gastronômica de Coqueiros.

A galera querendo tocar na Terraza, Trip to Deep e Troop e meu maior sonho sempre foi ser residente da Trattoria do Guto. 

Ibiza? Bem mais o Brewmille. 

D-Edge? Porra, e o Dog do Piru??

Muitas vezes toquei de graça ou recebia o cachê em bebida (alguém bebia por mim) ou por comida (eu dava conta de comer tudo) e o meu backstage nunca teve champanhe em taça de plástico, mas batatinha frita nunca faltou.

Eu só queria ouvir por aí as músicas que eu gostava de ouvir em casa ou no carro, num volume mais alto.

Deu certo, enganei todo mundo e de vez em quando ainda recebia por isso. 

Eu nunca quis ser Dj mas nada contra, TENHO ATÉ AMIGOS QUE SÃO.

Mas claro, nem tudo são flores, gente escrota é mato em qualquer cena artística e às vezes a gente rega a semente errada ou joga a nossa semente no terreno errado ou até roubam a nossa colheita mas adivinha? Uma erva daninha pode destruir um jardim inteiro mas no fim ela sempre consome a si mesma, o tempo e a lei do retorno são absolutamente infalíveis e seguimos em frente de cabeça erguida. 

Como diz o ditado: só te ataca pelas costas quem está atrás de você. A gratidão é reflexo do caráter da pessoa, dorme bem quem faz o bem e só reclama das lições da vida quem se recusa a aprender com elas. Mãos sujas pra mim só se for de plantar novas sementes. 

E como plantei.

Eu sinceramente nunca tive saco para trabalhar de fato no meio artístico, arte no brasil é muito cruel e antes mais um amador realizado que outro profissional frustrado, minha motivação era juntar umas musiquinhas e ver pessoas sorrindo.

Foi tocando e convivendo nesse meio de festas que aprendi algo muito engraçado e curioso sobre pessoas: algumas você pode conviver por anos seguidos, mas no momento em que você perde o contato ela se torna descartável, completamente esquecível. 

Outras você perde contato por causa das voltas da vida mas o carinho fica. 

Já outras você pode ver, conversar e rir por apenas uma tarde ou noite, anos atrás, mas ela de alguma forma segue sempre com você, mesmo sem contato nenhum. 

É incrível saber como algumas pessoas tem essa energia ou melhor ainda, essa sintonia. Eu chamo de pessoas-risquinho, elas passam por você, deixam um risquinho no seu coração que sempre vai coçar, você vai lembrar com carinho em algum momento e sorrir. 

E rezar para você significar o mesmo para elas.

Em quase dez anos eu toquei de tudo, coisas que só eu toquei e só eu podia tocar. Acapellas de Roberto Carlos e Black Sabbath, Britney Spears e Queens of the Stone Age, Erykah Badu e Bob Marley.
Dubstep com MPB, Soul Music com Drum and Bass, Heavy Metal com Funk. 

Diálogos de filmes e poemas do Def Poetry Jam.

E sempre fazia sentido, o contexto sempre encaixava e sempre aparecia alguma pessoa perdida me olhando com aquela cara de "olha o que esse maluco tá fazendo".

Eu poderia escrever eternamente sobre como é especial ver a expressão das pessoas ouvindo um estilo de música que elas não esperavam ouvir, dançando um ritmo que elas não sabiam como dançar e gostando de algo que se você dissesse o nome do estilo antes, elas torceriam o nariz.

Sempre alguém vinha puxar papo e conversar o melhor assunto de todos: Como a música é uma só e rótulos só servem para quem precisa vender ela ou para se vender. 

E mais divertido ainda, o olhar de pânico dos Djs "de verdade" me vendo tocar com a mãozinha no mouse não tem preço, rir sozinho da própria piada pra mim é atingir o nirvana do humor.

E ao contrário da maioria gostar de dizer (mentir) que tocou "pra uma galera" e "todo mundo enlouqueceu no set" a minha maior alegria sempre foi tocar para ninguém, apertar o play com a pista vazia e tocar pro pessoal das casas se ajeitando para trabalhar e ver a noite começando, a galera entrando e se aquecendo.

No warm up a música ainda está em primeiro lugar, criam-se vínculos e conexões reais e as pessoas ainda estão cheirosas e conversando de forma compreensível haha. E não interessa qual Dj topzera internacional venha depois, a qualidade de uma festa se define pelo warm up, todo o resto é consequência. 

Mas se eu sempre tocava para pouca gente ao vivo e gostava disso por outro lado é uma sensação muito legal saber que centenas e até milhares de pessoas já ouviram sets meus em casa, no smartphone ou no carro. Quando, como e onde elas queriam e com quem elas queriam, é como se eu tivesse feito uma turnê gigante tocando na casa de todo mundo. 

Inclusive na minha opinião todas as festas deveriam ser extintas e os Djs deveriam apenas gravar sets, pra quê sair de casa e pegar fila, gastar com Uber só pra ver Dj se o Dj pode ir até você? Uma espécie de IFood musical, você clica e o Dj aparece na sua sala. 

Em 2015 começou a rolar a Bend e em 2016 convidei a mim mesmo para tocar nela haha e aí gravei o Limão e postei de novo no blog com um texto sobre o coitado do meu ex-colega de trabalho e vizinho involuntário e bombou de novo.

Aí em seguida vieram as festas de sucesso mais falidas (ou o contrário) da história: Room e Odisseia com o Adilson, a Beam me Up! com o Moka, a Universe com o Edu M e o Allen, a Maze com o Oriano, Selzlein e Bruno e a Bomb.

Todas mal se pagaram e/ou deram prejuízo mas foda-se, a gente se divertiu e a gente tentou, só quem tenta colocar a música em primeiro lugar e ser original sabe o trabalho, ainda mais dependendo de venda de ingresso em uma cidade e país onde as pessoas parecem não querer pagar nem o próprio velório.

E o que mais interessa: teve Dubstep, Trip Hop, Low Bpm, Música Psicodélica, MPB, Funk, Nu:Disco, Disco, House, Drum and Bass, Techno e Hip Hop e fico feliz de ter estado e tocado em todas.

Era muito bom acordar e lembrar que na noite anterior teve algo realmente diferente na ilha, onde a música estava de fato em primeiro lugar e eu era um dos responsáveis.

Como eu sempre falo, pra fazer o que todo mundo faz e curtir o que todo mundo curte já existe... todo mundo. Música é um universo infinito demais para ser ignorado ou reduzido ao padrão 4X4. 

Minha única frustração foi nunca ter conseguido fazer uma festa de Dub que se chamaria Horn, teria uma única edição e eu compraria dezenas daquelas buzinas de ar comprimido pra todo mundo ficar surdo junto comigo. 

E eu iria trazer o Cleiton Rasta pra tocar nela, já tinha negociado tudo. 

E por quê? Porque além de outras coisas as exigências dele foram "um cantinho pra dormir, chuveiro quente, carona pro lugar da festa, uma tomada pra ligar meu laptop, som alto e pagar o meu cachê".

Sim, o Cleiton Rasta toca com Virtual Dj. 

Pensa, LFMontag e Cleiton Rasta Virtual Dj Set ALL NIGHT LONG. E vocês iriam me ver bancar o MC e ainda cantar Reggae.

Em 2017 escrevi um texto sobre a minha vó e pistaches e um set de Drum and Bass e muita gente adorou também. 

Em 2018 tive a oportunidade de tocar no encerramento da Bend, convidado por mim mesmo de novo. Eu virei "Dj" porque nunca ninguém tocava o que eu queria ouvir então não me culpem, a Bend também era a festa que ninguém fazia pra mim, então tudo ok.

Esse ano fazendo um back up do laptop para dar ele de presente do nada bateu saudades de gravar e com a inspiração e um monte de música boa e gravei o Gengibre pra acompanhar o Chá e o Limão e depois dois textos super bonitos, um sobre cachorros e outro sobre vaga-lumes com dois sets de Drum and Bass, Castanha de Caju e Amendoim, pra acompanhar o Pistache. 

Muita gente se divertiu e se emocionou com esses textos e eles me fizeram muito bem também, foram ótimos exercícios mentais e, principalmente, naturais. Dois textos que aliás me renderam dois convites maravilhosos e não vejo a hora de publicar sobre.

Aí gravei a Pipoca Mixtape lindona com trilhas de alguns filmes e séries e agora decidi encerrar semana passada escolhendo mais uns sons e gravei mais um set lindão.

Óbvio que eu amo os meus sets, tem muita pesquisa, história, referência, carinho e contexto neles e se eu não gostasse por que perderia tempo compartilhando? Escolhia, gravava, escutava, gostava, postava. 
Virtual Dj pra mim sempre foi algo tipo "não reclame dos Djs, junte as músicas que você ama e faça seus próprios sets pra ouvir quando quiser", é a minha própria comfort music. 

Muito mais que acertar mixagens eu acho maravilhoso achar soluções musicais e juntar músicas e temas e fazer algo musicalmente interessante. 

Como já disse eu amo trilogias mas também tenho mania de números pares, então agora gravei o Café com a mesma sonoridade pra fazer companhia pro Janela e o Verão e ter dez postagens no blog.

Dez sets de tudo quanto é estilo (uma trilogia de Dub/Jazz/MPB/Trip Hop, uma trilogia de Drum and Bass, uma trilogia de Funk/Groove/Disco Music e uma mixtape de trilhas sonoras) e seis textos, um sobre o pobre do meu vizinho Bira, sobre cachorros e a vida adulta, um sobre insônia e vaga-lumes, um sobre janelas de avião, um sobre as baladas e um sobre cinema.

Foram mais de 15 mil visualizações totais em 9 anos (mas em apenas 6 anos de postagens irregulares), uma média de 1.500 acessos por ano ou pouco mais de 100 por mês. Para uma brincadeira e por algo feito pra mim sem compromisso uma ou duas vezes por ano (as vezes nenhuma) está sensacional. A participação hoje em dia é bem menor mas felizmente sempre acima do esperado.

Sabe como é, a política, o narcisismo e os algoritmos criaram ódio, tédio e isolamento generalizado nas redes sociais (tem quem se ofenda até por você gostar de compartilhar músicas e textos). Foi-se o humor, foi-se a ironia, foi-se a comunicação mas paciência, ainda sobrou um espacinho pra dividir coisas boas.

As pessoas não se expressam mais, apenas se exibem, todo mundo agora parece viver o seu próprio reality show e ao mesmo tempo todos os espectadores estão entediados e ninguém parece querer se livrar disso.

Cada vez mais se dá importância para desimportâncias e se criam campos de negatividade então qualquer empurrãozinho para o lado da música e do amor é válido, pessoas vem e vão e o importante é deixar boas lembranças. 

O Instagram ironicamente ainda deu uma sobrevida então além de eu ser o cara que odeia Djs que fazem festa só pra tocar e eu mesmo fazia festa só pra tocar eu também sou o cara que odeia Instagram e eu mesmo tenho postagens com [LINK NA BIO] escrito. 

Eu só posso ser o pior. 

Mas a ideia era espalhar música como já escrevi, então o objetivo foi muito bem alcançado. Amor e carinho só não absorve quem não tem o mesmo para oferecer, vale para as coisas pequenas, vale para pessoas, vale para a vida. 

Resumindo, podem me xingar de Dj e blogueiro porque eu vou levar como elogio dessa vez mas vejam pelo lado bom, vocês nunca precisaram ver presskit meu por aí com aquelas poses de Robocop olhando pro nada e nunca fiquei no after com pendrive no bolso esperando a minha vez de virar uma. 

E claro, foram preciso dois anos de uma pandemia para muita gente começar a fazer o que eu fazia e
defendia duramente dez anos atrás: Procure bares, toque música e deixe as pessoas se levarem sem que elas sintam a obrigação de gostar de você.

Mais Virtual Dj, menos Virar Uma. 

Meu último set no meu amado Laptop Dell Windows XP Virtual DJ Mouse Luminoso Fucking Classic. Hora de formatar ele e dar de presente pra um molequinho muito lindo aqui da Serrinha.

E olha, como despedida tá legal hein, sempre no formato senoide musical subindo e descendo. Tem Funk, Low Bpm, Nu:Disco, New Soul, House Music, tem Reggae, tem música.

Tem 78 Edits, 6th Borough Project, Black Sabbath, Mr. Sasquatch, Kalya Scintilla, Milez Benjiman, Photek, David August, Data, Night Riders, Queen, Chemical Brothers, HotBox e Fat Freddy's Drop.
Tem até Martin Luther King.

Pode ouvir de manhã, depois do almoço, de tarde, de noite, no carro, na faxina (já testei) ou esquenta pra noite, sozinho ou acompanhado, uma horinha e dezessete minutos de puro groove, quem ouvir vai derreter e dá até pra dançar. 

Obrigado todo mundo por tudo, aos agregadores tudo, quem esteve junto sempre sabe. Ter mais pessoas pra agradecer que a memória permite lembrar é uma das dádivas da vida.

Num mundo cada vez mais feito de coisas grandiosas e desimportantes é bom bom olhar para trás e ver coisas importantes feitas a partir de outras aparentemente pequenas. 

Café é para acordar, é para aquecer, é para viver.

Então para fechar a trilogia já sabe, abra a janela, tome um café e curta o verão.


6th Borough Project
78 Edits
Arabica
Baron Goto Red
Ben La Desh
Black Sabbath
Blue Mountain
Bourbon
Catuaí
Caturra
Congencis
David August
Data
Dj Steef
Dybowskii
Excelsa
Fat Freddy's Drop
Geisha da America Central
HotBox
Icatu
Jona Saucedo
Kalya Scintilla
Kent
Kona
Kouillou
Laurina
Liberiano
LNTG
Maragogipe
Martin Luther King
Mauritiana
Milez Benjiman
Mr Squatch
Mundo Novo
Neo-Arnoldiana
Night Riders
Paca
Pacamara
Pache Colis
Pache Comum
Peaberry da Tanzânia
Photek
Purpurescens
Queen
Quênia AA
Racemosa
Racemosa Lour
Robusta
Ruiru 11
San Ramon
Sulawesi Toraja da Indonesia
The Chemical Brothers
Timor Hybrid
Typica
Villalobos





26 de nov. de 2019

PIPOCA MIXTAPE VIRTUAL DJ SET







Eu acho impossível separar um bom filme ou série da sua trilha original ou incidental, então juntei aqui as vinte e tantas primeiras músicas de trilhas que me passaram pela cabeça e alguns dos momentos mais marcantes.

Alguns filmes da infância vendo TV escondido, alguns sucessos de locadora de cidade do interior, alguns clássicos atemporais, alguns recentes que vi no cinema e até algumas séries.

E aproveitei para escrever um pouquinho sobre cada um da lista.




G.I. Blues
Elvis Presley - Pocketful Of Rainbows



O que dizer, o primeiro disco de rock que ouvi na vida, provavelmente ainda bebê porque a minha mãe ouvia ele o tempo todo. E era esta música que, segundo a lenda, ela colocava para eu dormir.

Quando já era maiorzinho este filme passava na sessão da tarde e ele canta esta para a gatinha dele em uma roda gigante, mais canastrão impossível. Na verdade é um teleférico, mas eu chamava de roda gigante porque era só o que eu conhecia mesmo.


The Goodfellas
The Moonglows - Sincerely



Meu favorito do Martin Scorcese é o filme Depois de Horas mas este é com Robert DeNiro, Joe Pesci e Ray Liotta, sobre máfia italiana, filmado em Nova York, precisa escrever mais?  Esta música é da cena do churrasquinho na casa do chefão, impagável.


The Manchurian Candidate
Wyclef Jean - Fortunate Son (Credence Clearwater Revival Cover)



Particularmente eu gosto mais da versão original deste filme, de 1962, muito mais corajosa justamente pelo ano em que foi lançado e todo o contexto da guerra fria e pré Guerra do Vietnam. Mas este filme tem seu valor por ter sido relembrado e revivido em pleno 2004, já na era da nova paranoia mundial do terrorismo.

Esta música é muito especial, até onde eu sei foi a primeira composta abertamente contra a Guerra do Vietnam, gravada e lançada em 1969 pela banda Credence Clearwater Revival. Não à toa foi escolhida como tema de abertura deste filme, pela voz do Wyclef Jean em uma versão incrível, marcial e dramática, fazendo a letra ter mais sentido ainda.


Fargo
Carter Burwell - Fargo, North Dakota



Irmãos Coen são essenciais para o cinema e Fargo é o filme que define eles.

"Muita coisa pode acontecer no meio do nada" era a frase do cartaz.

Um filme sobre uma decisão idiota irreversível e uma sucessão de desastres idiotas irreversíveis.

A melancolia, os diálogos perdidos, o humor amargo e a violência mostrada de forma seca, sem glamour nem efeitos. Os Irmãos Coen conseguem retratar o norte-americano médio de uma forma debochada e triste ao mesmo tempo, pessoas comuns que se tornam bandidas e bandidos que parecem pessoas comuns. Genial demais.


Fargo TV Series
Jeff Russo - Fargo Main Theme



Já a série produzida por eles desmembra o filme original em três temporadas em ganchos parecidos e em parte interligadas, todas com basicamente o mesmo ponto de partida: O ato imbecil de alguém e os desdobramentos. Pequenas ganâncias, enormes consequências.

E a terceira temporada tem um dos personagens mais lindos que eu já vi na vida, a chefe de polícia Gloria Burgle, vivida pela atriz Carrie Coon. É ela quem resume o segredo de toda as obras dos Irmãos Coen: uma espécie de personagem com complexo de Sísifo existente em todos os filmes deles, aquele personagem lúcido do enredo e que por isso mesmo carrega (ou pensa carregar) um fardo maior que os outros. E mesmo assim não desiste e, dependendo do filme, ora se liberta, ora não.

Existem Sísifos e Sísifos, uns largam a pedra no pé da montanha e mudam de rumo, se libertando de tudo e todos. Outros decidem largar a pedra no alto, e a sua libertação é a destruição das pessoas ao seu redor e abaixo.

Felizmente ela decide apenas libertar a si mesma, e a maneira como eles mostram isso (o abraço da colega e então a cena da água da torneira) não é nem um pouco gratuito ou ao acaso. Ela deixa de ser e se ver como invisível neste exato segundo, que atriz e que cena do caralho.

E este tema da trilha aparece e reaparece em todas as temporadas, ora orquestrada, ora só no piano, ora só nas vozes de um coral, lindo demais.


Inisde Man
Terence Blanchard - Food Chain & Nothing Yet



Spike Lee, um dos meus diretores da vida.

Basicamente um filme sobre roubo no estilo whodunit e sem mortes mas nem por isso ele perdoa, o veneno e a acidez estão sempre nos diálogos e mais ainda na história dos EUA que ninguém fala, como por exemplo as origens nazistas de alguns de seus maiores bancos.

Cenas ótimas, fotografia sensacional, diálogos perfeitos e esta cena da trilha é demais, um roubo está acontecendo e pessoas foram sequestradas mas todo mundo precisa comer, é hora da pizza.

E o groove é perfeito, é o meu tema favorito de todas as trilhas de filmes que eu conheço, até repeti na mixtape.


Fight Club
The Dust Brothers - Marla



A primeira regra do Clube da Luta é não falar sobre o Clube da Luta então vou apenas dizer como este filme é essencial em qualquer escola de cinema: Roteiro, direção, atuação e a trilha original dos Dust Brothers. Esta é a música de apresentação da personagem Marla, o contraponto feminino do filme, e uma das passagens mais divertidas.


Lavoura Arcaica
Uakti - Estou Louco!



Raduan Nassar é um dos melhores escritores do nosso país, Lavoura Arcaica é um livro obrigatório e este filme traduz perfeitamente o enredo original. Selton Mello se entrega para um dos personagens mais tristes jamais escritos, um menino sem referência que foge da sua família por estar apaixonado... pela própria irmã.

A trilha sonora autoral do grupo instrumental Uakti foi feita junto com o filme propositalmente para preencher os silêncios da história e dar vida para as imagens textuais do escritor.

Música bruta para um filme bruto.


US
Luniz - I Got 5 On It (Tethered Mix From US)



2019 foi um ano ótimo no cinema com a volta de ótimos diretores como M. Night Shyamalan encerrando a trilogia Unbreakable com Glass e Quentin Tarantino com o maravilhoso Once Upon a Time in Hollywood. Mas ainda assim os grandes filmes de 2019 pra mim foram Joker e US.

Se o filme do Coringa é até clichê por mostrar o lado humano de um vilão escancarando o lado desumano da sociedade, US é o filme do ano por escancarar o racismo nos EUA na forma de um filme bizarro de terror.

Quando o filme Distrito 9 saiu nos cinemas em 2009 eu lembro de um crítico ter escrito a seguinte frase:

"Às vezes é preciso um filme de alienígenas pra mostrar a crueldade da própria espécie humana."

Como todo mundo sabe Distrito 9 não é um filme de ficção sobre aliens, mas um filme sobre o apartheid sul-africano. E como o apartheid não acabou, Distrito 9 é um filme que não envelheceu.

US segue o mesmo raciocínio, usar e abusar da fantasia e das metáforas e mostrar a crueza da realidade, a hipocrisia, a indiferença e a invisibilidade, os espelhos, as tesouras, os diálogos.

É como se Stanley Kubrik e Spike Lee se juntassem para fazer uma versão somando "Faça a Coisa Certa" com "O Iluminado". E a trilha sonora incidental incrível termina por tornar este filme único.

Mais interessante ainda, se você sacar todas as referências e quiser ver um filme-metáfora sobre racismo, este é o filme certo. Mas se você quer apenas se divertir assistindo um filme de terror/comédia maluco, este é o filme certo também.

E ainda teve a genial sacada de distorcer, atualizar e orquestrar um dos clássicos do Hip Hop da década de 90 e uma das primeiras músicas do estilo que tentaram apaziguar a rixa assassina entre as costas leste e oeste dos Estados Unidos.

E é exatamente esta música que toca na sua versão original no início do filme ("It's not about drugs, it's a dope song, don't do drugs") e na incrível versão orquestrada na também incrível cena coreografada da briga personagem principal consigo mesma no final do filme. E o nome do remix inclusive é outra pegadinha histórica do diretor, gênio.

US é um filme único, já nasceu clássico e atemporal e Jordan Peele é um diretor para se ficar de olho.


The Assassination of Jesse James by The Coward Robert Ford
Nick Cave & Warren Ellis - The Money Train



Um daqueles filmes que todo mundo falou bem mas ninguém foi ver, e deu prejuízo.

Erroneamente as pessoas pensaram se tratar de algum faroeste estereotipado ou um filme de roubo ou vingança. Na verdade é um drama, um estudo sobre a depressão e alienação, além de ser uma história bizarramente real.

Robert Ford não só matou Jesse James como passou os anos seguintes viajando e ganhando dinheiro encenando orgulhosamente como cometeu o crime, mesmo tendo sido um assassinato frio e pelas costas.

Ou seja, um dos primeiros criminosos-celebridade da história, pelo menos da história moderna, ainda antes da televisão. A lenda conta como um Jesse James deprimido e cansado da vida de assaltante errante não só sabia que isto iria acontecer como ainda facilitou, uma espécie de suicídio terceirizado.

E Robert Ford foi assassinado dez anos depois, cuja motivação foi uma disputa de roubo ou assassinato encomendado.

É um filme lento, de fotografia ampla e cores frias e a trilha sonora da dupla Nick Cave & Warren Ellis é perfeita. Esta faixa inclusive é a cena do assalto ao trem, uma das melhores cenas com uma das melhores músicas que você pode ver e ouvir dentro de um cinema.


Bamboozled
Terence Blanchard & Brussels Philharmonic - Bamboozled Main Theme



Este sim é o meu filme favorito do Spike Lee, o mais corajoso, o mais estranho e de certa forma, o mais violento. Fracassou completamente nos cinemas mas cumpriu cem por cento o recado sobre a história de escravidão e racismo nos Estados Unidos. Apesar da premissa simples, é um filme difícil de engolir mesmo. 

Os personagens principais são quase todos atores desconhecidos, atuações incríveis, trilha sonora incrível e uma aula de história que ninguém mostra, os créditos finais por si só valem por um passeio no museu.


Jackie Brown
Minnie Riperton - Inside My Love



Meu favorito do Quentin Tarantino, de longe. É o mais simples, o menos violento e a maior da todas as homenagens do diretor. É a melhor trilha sonora também e de quebra (como ele faz em todos os seus filmes) trouxe grandes atores de volta para as telas do cinema. Não consegui encaixar a música perfeita da abertura, então vai aqui a música da cena do beijo da bandida e do agiota.


Lord of War
Buffalo Springfield - For What It's Worth




Existem filmes que parecem ser feitos para atores como o Nicolas Cage, onde a ideia central é ser tão canastrão e caricato até se tornar um personagem crível e autêntico. É o caso deste filme e até outros estrelados por ele, como Adaptação e Vivendo no Limite.

Esta é a música de abertura, e já faz parte da ironia do filme abrir com uma música pacifista mostrando o nascimento e morte de uma bala de fuzil.


Full Metal Jacket
Johnnie Wright - Hello Vietnam



Por falar em bala de fuzil, Full Metal Jacket, meu filme favorito do Stanley Kubrik e mais uma música triste e pacifista sobre a Guerra do Vietnam em uma das aberturas mais lindas e tristes de todos os tempos.


The Killer Inside Me
Little Willie John - Fever



Filme estranho e violento, e muito bom. Música fácil de reconhecer e acordar cantando sem querer, também roda na abertura sensacional.


Mullholand Drive
Linda Scott - I've Told Every Little Star


Meu filme favorito do diretor David Lynch com alguns dos momentos mais geniais do cinema, principalmente a cena do café expresso onde o diretor deu um jeito de colocar o compositor e regente Angelo Badalamenti apenas para fazer cara de mafioso e cuspir, terrível e impagável. Esta é a música da cena do teste da atriz, outro grande momento tanto do filme quanto da trilha sonora, ótima também.


The Three Burials of Melquiades Estrada 
Marco Beltrami - The Three Burials of Melquiades Estrada Main Theme



Este sim é um faroeste, moderno, mas um típico faroeste. Ou talvez apenas um filme sobre honra e amizade. Tommy Lee Jones na atuação e direção, incrível em ambas as funções.


Stone Temple Pilots - Daisy



Pois é, Stone Temple Pilots não é um filme e esta música não está em trilha sonora nenhuma, mas se você ouvir ela vai acabar por imaginar a abertura ou final de um, mesmo sem querer.


Riding in Cars with Boys 
Skeeter Davis - The End of The World
Everly Brothers - All I Have To Do Is Dream



Um daqueles filmes sem pretensão nenhuma e quando você se toca já assistiu várias vezes sem contar. 

A música The End of The World roda na cena da escada, talvez a música mais triste em uma das cenas mais engraçadas do filme. Cena que aliás não tem graça nenhuma (a bem da verdade é uma cena cruel) mas o roteiro, a direção, a situação em si e principalmente a Drew Barrymore conseguem fazer você rir.

Eu acho sensacional o quanto este filme consegue ser divertidíssimo e constrangedor ao mesmo tempo, o famoso rir pra não chorar. Aliás existem dezenas de filmes norte-americanos assim, sobre pessoas médias levando vidas médias onde até mesmo tragédias parecem pequenas se comparadas ao tédio em que elas vivem. A graça das vidas sem graça. Filmes ótimos onde o nonsense da realidade imperam como Napoleon Dynamite, The Art of Self Defense, Os Excêntricos Tenenbaums e vários outros.

E o filme abre e encerra com All I Have To Do Is Dream, e faz todo sentido.


Apocalypse Now
The Doors - The End



Filme absurdo, abertura absurda, quando o cinema ainda era feito na base de muito suor. E muito querosene no caso. Outro drama confundido como filme de guerra, apesar da guerra em si praticamente ser um personagem no enredo também. Francis Ford Coppola cometendo a maior burrice da sua vida e nos dando de presente um dos maiores filmes da história. E a sua esposa realizando um dos maiores documentários também.

Abrir o filme com uma música destas, em uma cena como aquela, é entrar para a história do cinema antes do filme começar. E não interessa o quanto esta música tenha se tornado um clichê (como tantas outras das décadas de 60 e 70), ela sempre vai ser incrível.

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Quando eu pensei nas músicas desta mixtape eu percebi que a forma mais fácil de sair de um ponto e chegar ao fim seria abrir com a música do Elvis e encerrar com a do The Doors e de bônus o tema da abertura da série Mad Men. Mas aí este ano saiu o El Camino então estiquei a mixtape para encaixar três músicas do universo da série Breaking Bad.

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Breaking Bad
Dave Porter - Breaking Bad Theme



Assim como Fargo e todas as obras dos Irmãos Cohen, Breaking Bad também é sobre decisões imbecis e suas consequências. Dois personagens antagônicos, um dominou as circunstâncias até destruir tudo ao seu redor e outro dominado por elas até quase se destruir junto.

Breaking Bad é muito triste.

Walter White é o Sísifo que decide soltar a pedra do alto da montanha. Aliás ele mesmo se transforma na própria pedra e se torna um peso para todos e Jesse é o infeliz que pega a pedra rolando no final.

E a música tema da abertura não deixa dúvidas, é mais um faroeste.


Better Call Saul
Dave Porter - End Credits



Todos os personagens de Breaking Bad mereciam uma série sobre como eram suas vidas antes e um filme sobre como ficaram suas vidas depois de Walter White. São personagens incríveis. Todas aliás poderiam se chamar Better alguma coisa: Better Call Saul, Better Respect Mike, Better Watch Lydia, Better Try Marie e assim por diante.

Saul Goodman não só conseguiu passar os apenas três episódios previstos na série original como se tornou um dos melhores personagens em uma das melhores séries de todas na minha opinião, não é nenhum Mito de Sísifo mas apenas um cínico, ele arrasta a si mesmo e é real como muitas pessoas.

Nós já sabemos que a vida dele não vai acabar bem, ele não irá preso e provavelmente não morrerá, mas vai viver algo pior: a invisibilidade e o castigo da lei do retorno.

Ver como o simplório e ao mesmo tempo complexo Jimmy McGill se transforma em Saul Goodman é incrível, incrível também é a história da relação entre ele e o seu irmão mais velho Chuck McGill, ambos se alternando entre Caim e Abel um do outro.

E Kim Wexler merecia um filme só sobre ela após a série, assim como Jesse conseguiu pós Breaking Bad. Eu sempre me impressiono mais com atores e atrizes quando eles interpretam personagens reais e comuns, é o caso de vários personagens desta lista aqui e ela simplesmente destrói.

A música que encerra todos os episódios ganha um ponto extra por lembrar a levada das músicas da trilha do Inside Man anteriores ali em cima.


El Camino
Jim White & Aimee Mann - Static On The Radio - El Camino Ending Song



Já El Camino ficou muito bacana porque não tentou causar, é apenas um episódio estendido da série e nada muito além. Eu particularmente faria o Jesse seis anos depois mesmo, e o passado indo atrás dele, e alguns flashbacks explicando. Mas isso é coisa de fã metido, o filme ficou ótimo, o mesmo humor, drama e suspense de sempre.

É arriscado fazer um filme como um final estendido ou alternativo de uma série que acabou tão bem, mas me pareceu um processo bastante natural dos criadores. Acabou sendo também a despedida do sensacional ator Robert Forster, que numa triste coincidência morreu no mesmo dia do lançamento do filme na Netflix. Robert Forster aliás resgatado pelo Quentin Tarantino para viver o personagem Max Cherry do filme Jackie Brown ali em cima

Quem canta a música do final junto com o Jim White é a Aimee Mann, compositora e cantora de toda a trilha do filme Magnólia, ambos também essenciais.

"Everything I think I know is just static on the radio", quem nunca.

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Mad Men
RJD2 - A Beautiful Mind (Theme From Mad Men)



Mad Men, sem comentários.

Um marco na tal da teledramaturgia em todos os sentidos e dois dos maiores personagens jamais escritos, e impossível imaginar outros atores no lugar.

E todos os outros personagens mereciam também uma série particular sobre suas vidas.
Esta abertura é clássica demais, com uma música inseparável da animação original.


American Beauty
Thomas Newman - American Beauty




Sim, era pra encerrar com Mad Men, mas aí quando eu estava ouvindo a música tema em algum momento me passou pela cabeça a também música tema do filme Beleza Americana.

A cena da sacolinha, todo mundo conhece, e resolvi encerrar com ela.

Baita filme, baita diretor, baita time de atores e baita compositor (Thomas Newman, até as trilhas de Procurando Nemo e Procurando Dory são dele, além de vários outros filmes das duas últimas décadas).


É isso, agora sim acabou, uma mixtape de cinema para ouvir em casa, espero que vocês gostem.







G.I. Blues - Elvis Presley - Pocketful Of Rainbows
The Goodfellas - The Moonglows - Sincerely
The Manchurian Candidate - Wyclef Jean - Fortunate Son (Credence Clearwater Revival)
Fargo - Carter Burwell - Fargo, North Dakota
Fargo TV Series - Jeff Russo - Fargo Main Theme
Inside Man - Terence Blanchard - Food Chain
Inside Man - Terence Blanchard - Nothing Yet
Fight Club - The Dust Brothers - Marla
Lavoura Arcaica - Uakti - Estou Louco!
US - Luniz - I Got 5 On It (Tethered Mix From US)
The Assassination of Jesse James by The Coward Robert Ford - Nick Cave & Warren Ellis - The Money Train
Bamboozled - Terence Blanchard & Brussels Philharmonic - Bamboozled Main Theme
Jackie Brown - Minnie Riperton - Inside My Love
Lord of War - Buffalo Springfield - For What It's Worth
Full Metal Jacket - Johnnie Wright - Hello Vietnam
The Killer Inside Me - Little Willie John - Fever
Mullholand Drive - Linda Scott - I've Told Every Little Star
The Three Burials of Melquiades Estrada - Marco Beltrami - The Three Burials of Melquiades Estrada Main Theme
Stone Temple Pilots - Daisy
Riding in Cars with Boys - Skeeter Davis - The End of The World
Riding in Cars with Boys - Everly Brothers - All I Have To Do Is Dream
Apocalypse Now - The Doors - The End The Doors - The End
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Breaking Bad - Dave Porter - Breaking Bad Theme
Better Call Saul - Dave Porter - End Credits
El Camino - Jim White & Aimee Mann - Static On The Radio - El Camino Ending Song
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Mad Men - RJD2 - A Beautiful Mind (Theme From Mad Men)
American Beauty - Thomas Newman - American Beauty





5 de nov. de 2019

AMENDOIM DRUM AND BASS VIRTUAL DJ SET



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Não muito tempo atrás eu estava acampando e vi dois vaga-lumes e por isso a hora de dormir virou mais um amanhecer acordado. Quantos anos eu não via um único vaga-lume, imagina dois.




Pode parecer pouco pra você mas pra quem vem do interior e passou a infância contando eles às centenas foi o suficiente pra me deixar acordado. Se eu descobri ser insone por causa de um cachorro igualmente diagnosticado, descobri a origem da minha insônia por causa de dois vaga-lumes.




Quando eu era criança eles eram tantos, mas tantos, a ponto da gente dizer existir mais vaga-lumes que estrelas nas nossas noites de primavera e verão. Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia, diria Shakespeare.
Vaga-lumes, diria eu.

Invadiam as garagens, cozinhas, salas e quartos.




Lembrei de Setsuko e Seita abençoados por vaga-lumes e amaldiçoados por um B-29, e agradeci por nunca ter vivido uma guerra, nem criança, nem adulto.




Lembrei também da história relativamente conhecida como "A noite dos Vaga-lumes" de quando o empresário Francisco de Assis Chateaubriand de Mello, o Chatô, mandou o presidente da companhia Light no Rio de Janeiro apagar as luzes da cidade em frente ao Hotel Copacabana Palace apenas pra impressionar a sua amante, levando um carro cheio de vaga-lumes para iluminar a frente do quarto onde ela estava.

Brega, mas pelo menos não era um carro de som tocando "Fogo e Paixão" do Wando.

Se morasse no interior seria bem mais fácil, era só sair do centro da cidade ou seja, andar menos de um quilômetro e o céu e os vaga-lumes dariam conta do recado. Aí é raio, estrela e luar, e vaga-lumes. De graça.




Vaga-lumes podem até assustar mas não se importam com nós humanos e quando pousam em você são calmos e gentis, não entram em seus ouvidos nem atacam seu nariz. Existe um certo charme e simpatia nessa indiferença. Nunca vi ninguém sair correndo e gritando pra pegar o chinelo ou SBP pra matar vaga-lume. Não são destrambelhados e alucinados como as mariposas e não voam como se fossem terroristas do 11 de setembro igual as baratas na sua direção, parecem mais aviões calmos e organizados na tela de um controlador de voo esperando a sua vez de pousar.




Vaga-lumes sabem a hora de chegar, como se sentar na mesa e a hora de ir embora.
Só não sabem apagar a luz.




No interior não se contam carneirinhos pra dormir no verão, contamos vaga-lumes, e se o sono não vem contamos quanto tempo demora entre uma piscada e outra e aí então contamos quantas piscadas eles dão em um determinado intervalo de tempo, geralmente a noite toda.

Volta e meia um deles se aventurava pela minha cama e acabava entrando pelas cobertas e assim, muitos anos antes da primeira namorada e da camisinha fluorescente, lá estava meu saco verde e brilhando. E piscando.




Entre carneirinhos voadores e testículos piscantes uma hora o sono vem, os vaga-lumes desaparecem e o dia amanhece.

Faz sentido, o brilho do vaga-lume brilhar vem da luciferina. E luciferinas, segundo a Wikipedia, são substratos de enzimas denominadas luciferases e estas realizam a descarboxilação oxidativa das luciferinas (sob a forma de adenilato de luciferina, obtido através da ativação de luciferina por ATP) a oxiluciferinas, usando oxigénio (O2) e produzindo energia luminosa nessa reação.

As oxiluciferinas também podem ser regeneradas posteriormente a luciferinas.
Eu também não entendi, parece mais questão de vestibular.

Mais divertido é saber que luciferina vem de Lucífer (do latim lux, que significa luz) e ferre (levar, portar). Lúcifer é o portador da luz, ou a estrela da manhã ou ainda o filho da alvorada, a luz do amanhã. Agora sim.

E como sabemos, na tradição cristã Lúcifer é um dos nomes do diabo então os vaga-lumes seriam diabinhos a atormentar nosso sono e nos levar para o mundo da imaginação e dos sonhos lúcidos, anjos-caídos desocupados ocupados em nos deixar acordados.




Lúcifer é também a representação de... Vênus, aquele planetinha vaidoso e ciumento que vive de competir com a lua e insiste em brilhar até amanhecer e o sol se impor. Insones conhecem bem.




Vênus também é a representação da mulher, do amor e do desejo, o motivo pelo qual vaga-lumes acendem a sua luz, para procurar as namoradas no escuro, ele pisca para avisar que está chegando e ela pousa e pisca pra mostrar onde está, então talvez Chatô estivesse certo e seriam os vaga-lumes mini-Wandos tarados, bregas e piscadores.

Vaga-lumes são legais. Eles podem ser muita coisa: estrelas que vieram passear na terra, ou anjos caídos, ou fábulas vivas, ou tarados com lanternas ou apenas seres com asas e bundas luminosas, e isso é legal demais.

Diante do infinito, somos apenas um pálido ponto azul, diria Carl Sagan.
Somos cálidos pontinhos verdes, diriam os vaga-lumes.




E por falar em manhã, amanheceu, os vaga-lumes já tinham ido embora faz tempo e eu resolvi dormir me coçando cheio de picadas de mosquitos. Deve ser formação de quadrilha, os vaga-lumes nos distraem e os mosquitos nos assaltam.

A natureza é sábia até quando maltrata os insones fora da barraca encarando a noite, essa massa escura sem explicação, rodeados de estrelas.

Ou de vaga-lumes, mesmo que apenas dois.

Por que falar de avós, cachorros e vaga-lumes?
Porque se eu tentar falar sobre Drum and Bass precisarei de 300 páginas. Só para a introdução.

Drum and Bass é perfeito como Pistache, maravilhoso como Castanha de Caju e incrível como o Amendoim.

Pode ser doce ou salgado.
Pode ser de manhã ou de noite.
Pode ser cru ou torrado.
Pode ser pasta ou moído.

Depende apenas da hora, da vontade e da receita.
Drum and Bass é sobre amor e com amendoim se faz paçoca, desnecessário explicar mais.




"As pessoas têm apenas uma visão única do que é o Drum and Bass. Eu tenho uma idéia do qual seja esta visão, mas me parece mais uma forma de estereótipo musical estúpido que tomou conta de jornalistas, músicos e público que, francamente, deveriam saber melhor." - dBridge


Drum and Bass
Quantidade100 gramas
Água (%)2
Calorias567
Proteína (g)26
Gordura (g)71
Ácido Graxo Saturado (g)7
Ácido Graxo Monoinsaturado (g)16
Ácido Graxo Poliinsaturado (g)24
Colesterol (mg)0
Carboidrato (g)16
Cálcio (mg)125
Fósforo (mg)734
Ferro (mg)2,8
Potássio (mg)1.019
Sódio (mg)626
Vitamina A (UI)0
Vitamina A (Retinol Equivalente)0
Tiamina (mg)0,42
Riboflavina (mg)0,15
Niacina (mg)21,5
Ácido Ascórbico (mg)0


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Calibre & Steo - Wilderness
Mark System - Optix
Serum - Red Meat
Halogenix & Alix Perez - Broken
Anile - Riggers
Ownglow - LA
Anile - Nothing Makes Sense
Alix Perez & Spectrasoul & Peven Everett - Forsaken
Mark System - Obnox
Voltage - Submarine
I Kamanchi with Holly Grant & Oisin - Wild for the Night
Savage Rehab - Rare Groove
Krakota & Judda - Solid Shout Dub
Serum - Mixed Grill
AshJerona - You Got Me
Random Movement - Yeah Thats It
Dub Phizix & Skeptical - The Enemy
Bukez Finezt - Under Control (Submarine Remix)
Adele - Rolling in the Deep (Spectrasoul Remix)
Nu:Tone - Set me Free
Massive Attack - Euro Zero Zero