1 de fev. de 2013

VERÃO LOW BPM VIRTUAL DJ SET




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Ah, o verão.
Verão é sempre bom? É, pra quem não nasceu com eterna cara de turista e pele com atitudes de albino.
Mas as noites de verão são boas.

Aliás um mundo ideal teria dias de inverno e noites de verão.
Mulherada encasacada com nariz vermelho de manhã e de shortinho de noite, eu adoro mulher com frio, eu adoro mulher de shortinho.
Se for de shortinho e com frio melhor ainda. Resfriada, espirrando e de shortinho.
Ou correndo de salto alto, de shortinho e com o nariz escorrendo.
Ou com frio e... Enfim, verão é mais ou menos bom pra mim, um saco de dia e ótimo de noite.
Verão de noite tem mais balada, e balada é sempre bom. Será?

A lista é praticamente infinita, mas grosso modo existem 4 tipos de baladas ruins:

1- A balada que ninguém sabe a letra e fingem que sabem.
2- A balada que todo mundo sabe a letra e ainda sentem orgulho disso.
3- A balada que ninguém perguntou nada a você.
4- A balada que ninguém sabe o que está fazendo ali. Vamos a elas:

1- A balada que ninguém sabe a letra e fingem que sabem:


"não tá curtindo não??? TA CHEIO DE SOLTEIRA AÍ MEU, NÃO GOSTA DE MULHER É, VIROU VIADO???"

Pode apostar você sempre será, por toda a sua vida, convidado pra ir num lugar assim.

Quando você é novo vão argumentar que lá tem um monte de gente solteira pra te divertir.
Quando você envelhece vão argumentar que lá tem um monte de gente solteira pra te divertir.
Quando você casar vão argumentar que lá tem um monte de gente solteira pra te divertir.
Se você não casar vão argumentar que lá tem um monte de gente solteira pra te divertir.
Se você se separar vão argumentar que lá tem um monte de gente solteira pra te divertir.
Se você se aposentar vão argumentar que lá tem um monte de gente solteira pra te divertir.

E o que você vai encontrar lá? 
Um monte de gente solteira querendo estar casada e um monte de gente casada querendo estar solteira. 
E não vai ser nada divertido, uma eterna valsa onde casadas secam solteiros que secam solteiras que secam casados que secam barris de chopp, um belo resumo prático e social do exercício faustiano da monogamia. 

E a trilha sonora é obviamente a pior possível formada basicamente pelo quadrilátero do inferno, a esquadrilha do tédio e das músicas de karaokê Beatles (é, Beatles), Rolling Stones, Credence e U2.

Ta mas e onde entra o fato de não saberem nada e fingir que sabem?
Primeiro, se soubessem de algo não estariam ali e segundo olhe para os lados e note como esse ambiente é o triunfo das bandas cover, todo mundo sabe o refrão (mas só o refrão) mas divertido fica quando você percebe a engolida clássica de sílabas durante o resto da música.

Exemplo:
sónorrow norrow? norei
sónorrow norrow ?notei
I KNOW (todo mundo acerta!!)
sónorrow notou noteiii

(refrão)
ÁÁÁÁÁ WANNA NÔU, RÉVI YOU ÉVAAA SIIII THE RAIN (de novo minha gente!!)
ÁÁÁÁÁ WANNA NÔU, RÉVI YOU ÉVAAA SIIII THE RAIN
sónorrow notou? noteiiiiiiii

Não pense você que para por aí porque sempre chega o momento dos clássicos nacionais e tome Jota Quest, Legião Urbana, Kid Abelha.
Se alguém da banda se passa no álcool toca algo mais "de atitude" e aí você vai engolir um Rappa e um Charlie Brown nervoso. Aquele seu amigo casado vai chutar sua canela (de sapatênis), gritar o refrão no seu ouvido e sorrir o mesmo sorriso confuso que ele te deu no dia em que casou, uma mistura de "não sei se isso é bom" com "meu sonho era ter uma banda igual o CPM 22".

A esposas perdem a linha, os maridos derrubam cerveja, as solteiras se abraçam, os solteiros vomitam e não obstante (não obstante!!) ao invés do fim é a hora do bis, da cartada final, do harakiri musical, da buchada de bode melódica, do agora ou nunca, clica vai!!


Perceba como nessa hora as pessoas ao seu redor erram também a letra em português sem vergonha nenhuma, praticamente uma inversão de valores que esfrega na nossa cara o softpower do establishment dessa gente americanizada como a gente, que anda de bike, vai pra night atrás de um sex affair e termina em casa dando like no Facebook em plena madrugada. Adiciona, vai que rola.
As danças são as mesmas desde os tempos da formatura do pessoal, uma mão assim, o pezinho assim, dança amooorr.

Como bem disse um amigo meu, isso não é rock nem blues, é música de happy hour pra usar camisa polo, tomar chopp quente e treinar o sorriso amarelo.

O perfil das bandas nessas baladas tem pelo menos um calvo não assumido, um funcionário de banco, um funcionário público e, se tiver instrumentista de sopro na banda, é provável que ele já tenha dois filhos.

O perfil de casal que vai nessa festa geralmente tem na ponta da língua a frase "é a nossa música amor!" quando toca aquela do Lulu Santos e, crentes de que a música foi feitas pra eles de fato, ainda olham pro vocalista da banda na esperança de que ele saiba disso e dedique a música pro casal. Nesse tipo de casal ela escolhe a roupa dele e ele não escolhe a dela mas quando ela está pronta ele diz "essa saia não!".

Ele trai ela com uma colega de trabalho e ela tem um cachorro a quem chama de "amor verdadeiro" ou de "filho" dependendo da época do mês e da fase do relacionamento. Toda quarta ele tem futebol na TV, toda quinta futebol com os amigos, toda sexta ele ta cansado. Toda segunda ela tem psicossomatoteramedêoutravidapeuta, todos os dias novela, todo sábado manicure e todo domingo clube da luluzinha. 

Ah, sempre tem gente de aniversário nesse tipo de balada, como se o mundo precisasse ser lembrado disso. 

Dresscode:
Homens - Camisa xadrez-família, calça jeans bom moço, sapatênis casual friday.
Mulheres - Blusa de algum tecido vovó, saia estilo "tem um cérebro por trás desse corpinho" e sapato de salto. Emprestado.

E se a festa pegar fogo porque não tem alvará? Come on baby light my fire.

2- A balada que todo mundo sabe a letra e ainda sentem orgulho disso:


"eu to aquiiii, perto de onde tão vendendo cervejaaaa, do lado de um grupo de regata amareeeeelaaaa onde tem aquelas meninas distribuindo viseira e a bateria do meu celular ta a-ca-b"

Esse tipo de festa é facílimo de perceber a distância, a cada 1,5 minutos tem algum "lalalala" ou "tchutcha" ou ainda, com grande esforço dos envolvidos, todas as vogais e mais de três consoantes no refrão como "lalelele tubitubi lilólu". 
O resto da letra é alguma coisa com "amor" ou "volta pra mim" ou "te quero" ou ainda "pega no meu que eu pego no seu", "foi muito rápido e doeu" ou até mesmo "bota de novo que hoje eu to que to"

Se o tipo de letra descomplica no conceito chega a ser um verdadeiro ritual de iniciação nas coreografias, um inferno onde pra cada lalala tem dois gestos de braço, uma quebrada de mão, uma batida de bunda e alguma expressão facial frustrante como dedinho na boca ou virada de olhos.
E quando tudo já está muito além do tolerável sempre aparece alguma desgraçada ou algum infeliz e grita qualquer coisa com "do chão!" ou "pra cima!" no fim da frase e lá se vão todos derramando cerveja, se queimando com cigarro, pisando no dedão dos outros e ainda por cima sorrindo.

Nos shows tocam apenas uma música com duração média de 3 horas, o tempo do show de cada artista do estilo. E qual o estilo? Não tem como definir, é um mistério. Alguns anos atrás você diria "isso é sertanejo", "isso é axé", "isso é pagode" e "isso é techno", mas agora não mais.

Criou-se um ser mutante sexualmente indefinido com roupas caras, cantando letras de corno com coreografias alucinantes por cima de algo que ao mesmo tempo tem sanfona, batucada, refrão repetitivo e por cima de tudo isso algum plim ploim que parece ter sido feito por um Dj.

E cada híbrido gera um filho mais híbrido ainda, por exemplo: batida de funk com voz de sertanejo por cima.
Ou cantora de axé com batida de techno. Ou Techno com solo de guitarra.

Eu costumo chamar esse tipo de música de "música de engarrafamento", "música de feriado" ou "música de vizinho" porque uma hora ou outra no trânsito ou quando você puder dormir até mais tarde ou quando você abrir a sua janela ele estará lá, Gustavo Lima e você.

Eu tenho um vizinho que é o próprio mensageiro do demônio, em toda e qualquer festa ou feriado religioso ele abre o porta malas do carro, liga o CD Player no volume máximo de de-lhe pão com linguiça ao som de algo que pela altura parece mais aquele cão de três cabeças na porta do inferno cantando e fazendo coreografia com as patas.

O perfil de artista aqui é variável o suficiente pra irritar qualquer eugenista mas no fundo é a mais pura representação dos desejos de limpeza racial típicos do sul do brasil.Afinal de contas quem sustenta o brasil é o sul né minha gente mesmo que na matemática mais básica São Paulo produza mais e seja formada ironicamente por nordestinos. Mas se você quiser ficar rico tem de saber vender o peixe para os descendentes diretos do Valhala, os netos de Odin, os primos da família Himmler.

Mas como vender algo pra essa gente de gosto tão apurado como gaúchos, catarinenses e paranaenses?
Como fazer algo superior e digerível pra quem ta acostumado com a alta gastronomia do repolho com linguiça, charque, geléia de porco? É fácil, embranqueça o produto. Eugenia musical e cultural com cheiro de cloro.

Axé? Se a cantora for branca pode.
Sertanejo? Depende, o cara é branco e tem cabelo arrepiado? Opa, então pode.
Pagode? Contrata aquela banda com mais mulatos, assim o pessoal não estranha muito.

Ou vocês acham que é privilégio de norte-americano estragar a música negra de raiz do seu país?
Os brancos de lá cagaram com o Jazz, com o Blues e com a Soul Music.
Transformaram um em matemática fria, outro em música de formatura e o outro ainda em música pra vender celular. 
Os nossos caucasianos fonográficos foram além: fizeram o axé virar sertanejo, o sertanejo virar techno e o pagode virar universitário (Antes que alguém pergunte, existem sim Axé, Sertanejo e Pagode dos bons, mas você pisa no barro ou na areia pra chegar lá).

O perfil de casal nessa balada ta sempre feliz e sempre comemorando pois eles se conheceram em uma balada idêntica tempos atrás e começaram a namorar dias depois, terminaram semanas depois, voltaram dias depois e assim sucessivamente como personagens de alguma letra da Claudinha, logo eles sempre possuem motivos pra comemorar, seja a "volta" ou a "fase boa do namoro" ou o fato de terem brigado a tarde toda mas fizeram as pazes pouco antes do show.

No caminho do banheiro ele beija outras três, enquanto ele vai no banheiro ela troca telefone com outros cinco e beija (de olhos abertos) o mais insistente. Mas o que há de ser isso perto da certeza do destino e o brilho nos olhos quando eles lembram como descobriram que torcem pro mesmo time de futebol?

Dresscode:
Homens - Camiseta fitness malhei hoje, bermuda de reveillon, chinelo.
Mulheres - Regata tapa silicone, qualquer coisa enfiada na bunda, salto alto ou chinelo e calos, muitos calos nos pés.

E se a festa pegar fogo porque não tem alvará? Corre pra cá? NÃÃÃOOO Corre pra lá? NÃÃÃOOO
olhaolhaolhaolhaolhaoalvará olhaoalvará olhaoalvará o alvaráááá.

3- A balada que ninguém perguntou nada a você:


"parecemos épicos, semideuses e eternos, mas a gente é apenas TOP mesmo!"

Você conhece, você já foi em uma, você já tentou ir até mais vezes.
Cada foto que você vê da noite anterior você pensa "essa balada foi top e eu perdi" e daí você vai na outra e se engana de novo.
E quando você vê as fotos da festa modorrenta que você foi você pensa "onde estavam todas essas pessoas sorridentes dessas fotos?" e pensa ter sido distração sua e vai de novo.
Aí você chega lá e lá estão elas, as pessoas, batendo fotos.
Se não fosse pela música e pela bebida em nada seria diferente, do estacionamento a decoração, de uma loja maçônica.

Economicamente a festa é o triunfo do capitalismosocialemergenteglobalizadomaishumanoqueodaChinaemaiscoloridoqueodosEstadosUnidos  brasileiro: pagar caro em algo barato pra demonstrar status.
Vodca com cheiro de desodorante old school em copo de acrílico decorado. Preço, meio salário mínimo.
Por isso todo mundo lá tem cara de "ninguém perguntou nada a você", que é a mesma cara de "eu to pagando". 
Pagando carros parcelados, smartphones parcelados, relacionamentos parcelados.

Todo mundo é maior que todo mundo, o copo deles é maior que o seu e não tente, nunca, se enturmar, sabe por quê? Porque ninguém perguntou nada a você oras. Freudianamente quando essa gente vê um sofá imediatamente fica de pé em cima, numa demonstração de rompimento com a autoridade paterna e chegada a vida adulta.

E a música? Toca música eletrônica, esse balaio de gatos tão amplo quanto estilos de heavy metal.
Mas nas festas do tipo que ninguém te perguntou nada toca aquela música eletrônica que vai da tortura mais aguda a trilha mais insossa, uma serve pra você não perder tempo perguntando nada a ninguém e a outra serve pra você não perguntar nada pra ninguém porque ninguém, eu disse ninguém, te perguntou nada.
De um extremo ao outro uma parece trilha de festa de condomínio e a outra parece som de fundo da reunião do condomínio.

De cada 100 pessoas nessa balada:
30 saem pra fumar e não voltam mais,
30 ficam a noite toda tentando arrumar droga sem gastar,
30 ficam a noite toda tentando arrumar uma pulseira pro backstage pra arrumar marido empreiteiro que paga champanhe,
2 são amigos dos amigos dos amigos que conhecem o Dj que tá tocando mas não gostam de musica eletrônica,
e 8 são homens que não pegam ninguém e saem pra dançar e escutar musica.
Gente do céu, enfim faço parte de uma elite.

Dresscode:
Homens - Alguma coisa de ouro ou imitando ouro, camisa mostrando o colo dos seios (é, dos seios), calça com alguma coisa de ouro ou imitando ouro, tênis igual ao que você vê em vídeos de rap. A grife tem de aparecer na foto.
Mulheres - Alguma coisa de ouro ou imitando ouro e qualquer roupa e salto do tipo que ela julgaria se as outras usassem. Em ambos os casos a grife tem de aparecer na foto.

O perfil de Dj que se apresenta nessas festas se apresenta como Dj por hobby pois ele tem um emprego sério que ele trata como hobby também, geralmente colunista, dono de loja de shopping, publicitário ou freelancer de alguma coisa muito legal na teoria. Ou até mesmo filho de colunista, filho de dono de loja de shopping, filho de publicitário ou filho freelancer ops, filho de freelancer.

E antes que eu me esqueça, ele se veste como se vivesse numa vitrine de uma loja sem espelhos.

O perfil de casal que vai nessa balada se olha como se não tivessem nada pra perguntar um para o outro e ai de quem tomar a iniciativa. Alías, por falar em perfil, mesmo de frente eles parecem que estão sempre de lado, olhando levemente pra cima, como naquelas fotos de coletâneas onde vem escrito "o melhor de".

Eles são semideuses, semipessoas semifelizes semiindependentes.
Todas as outras mulheres da festa são ex dele, um verdadeiro bonobo com camisa regata. 
Ela também não fica atrás, embora "beijar bêbada não conta néam".
Inclusive eles moram juntos, no bairro instagram.

E se a festa pegar fogo porque não tem alvará? Pularemos na piscina e será TOP.

4- A balada que ninguém sabe o que está fazendo ali.


"ai gente, SÉRIO, isso aqui hoje tá um saco"

Essa é bem simples, se ninguém sabe o que foi fazer ali é porque essa é uma balada alternativa.
E o que faz uma balada ser alternativa? Mais simples ainda: ela é a soma exata das três baladas anteriores.
Por isso a confusão com o termo "alternativo" ou "underground", palavras tão mal usadas quanto "light" e "diet".

A balada alternativa é o sincretismo, a globalização, uma paella humana: os que sabem as letras das músicas, os que não sabem, os casados que queriam estar solteiros, os solteiros que queriam estar casados, os que batem foto e vão embora, os que não batem foto nunca, os héteros que queriam ser gays e os gays que queriam ser mais gays ainda, heterofóbicos escandalosos e homofóbicos disfarçados, héteros poligâmicos e homossexuais católicos, lésbicas de novela e lésbicas de colégio, os virgens que sonham com lésbicas que sonham com homens casados, os bissexuais incompreendidos por todos, os cultos de balcão, vegetarianos fumantes e praticantes de yôga alcoólatras, comunistas com cartão de crédito e capitalistas com mensagens na camiseta, góticos coloridos e emos deprimidos, o revoltado com roupa de grife rasgada, a revoltada com piercing no baço e mais importante: os camaleões de festa.

Eles são incríveis, usam sapato na balada alternativa 1 mas tênis surrado na balada alternativa 2 ou salto alto na balada 1 e sapatilha velha na balada 2. 
O sorriso acompanha o calçado, na 1 estão sempre "pra cima", na 2 o sorriso é igual pós cirurgia do siso.

O clima é de velório com som alto no início, comício com som alto e alcool no meio, e protesto com som alto, alcool, gritaria e vômito no fim.E drogas ruins. Discutem política transando sem camisinha e denunciam como assediadores as pessoas que eles mesmos assediaram. 

Quando não vai ninguém numa balada alternativa ou underground todo mundo comenta como faz tempo que ninguém aparece por lá e quando enche todo mundo fala como faz tempo que tá assim cheio e insuportável.

Dresscode: imite os outros ao seu redor ou vão te perguntar a noite toda porque você usa apenas jeans e camiseta.

O perfil de Dj e o perfil de casal nas festas alternativas é o mesmo em essência: quanto mais descabelado é o Dj ou o casal mais legais eles parecem ser. 
Nem sempre dá certo.

E se a festa pegar fogo porque não tem alvará? Gente, que BAD, pensa num calorão daqueles e eu de roupa preta.

Se você encontrar alguém assumidamente alternativo (light? diet?) em uma das três baladas anteriores pode acreditar: ele não vai te olhar nos olhos e se olhar estará escrito na retina "eu te mato se você contar pra alguém".

Aliás cada frequentador de um nicho dificilmente te cumprimentará quando te encontrar em outro.
Até porque roqueiro diz que funkeiro é ignorante e música eletrônica é barulho.
Funkeiro diz que rock é barulho e que música eletrônica é coisa de drogado.
A gentinha do house de freeshop diz que rock é coisa do passado e funk é coisa de pobre.
E os alternativos dizem que não entendem o que eles, todos eles, foram fazer lá.

Assim é o brasil, uma grande balada segregada rançosa e cheia de si, onde apenas 100 metros de onde você está já é outro mundo com outros códigos e outras infinitas futilidades.

Então, salvo algumas poucas festas e baladas, a unica opção pra ouvir música de verdade é ouvir em casa mesmo.O que define música de verdade? É aquela que você ouve, a que você descobriu, a que você procurou e não a que te empurram no trânsito ou no comercial de carro novo ou na novela.

Se você gosta realmente de música você já chorou, riu, gozou, brigou e lembrou e sentiu saudades ouvindo pelo menos uma. As vezes uma mesma música já testemunhou tudo isso e mais ainda, tudo ao mesmo tempo. Uma música fazer você sentir ter sido feito pra ela é muito mais justo e humano que se apropriar dela e dizer que ela parece ter sido feita pra você.

Eu simplesmente tenho medo, pavor, angústia de gente que não tem uma música favorita, um livro especial, um filme que não esquece e digo mais, as melhores pessoas que passaram pela minha vida tem muito mais que isso: lembram quando ouviram uma música pela primeira vez ou quando escutaram um album por horas, dias e meses sem enjoar, sabem dizer porque aquele livro é tão importante e podem ficar horas falando sobre isso ou aquela cena daquele filme.

As pessoas mais legais do mundo inclusive não tem apenas uma música, um filme, um livro.
Tem vários. Sua vó não te dizia que você é o que come? Você é também o que ouve, lê, assiste e muito mais ainda: Você é também o que deixa de ouvir, de ler e de assistir.






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